quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Caboclo pede Agô




O inabitual sempre traz espanto e quase sempre descrença! Por mais bem-intencionada que seja a maioria dos Filhos de Fé que se agrupam nos mais variados terreiros, raros deles podem crer que Caboclo deixe o terreiro, o charuto, a vela, e troque a pemba de giz pela pemba de lápis ou caneta. De fato não trocamos, apenas usamos, também, quando temos oportunidade, o lápis, em algum recinto do terreiro ou em qualquer local em que o "cavalo" (médium) sentir-se bem à vontade — vibratoriamente falando.
Assim, sabemos que muitos de nossos "Filhos de Terreiro" não estão habituados a observar um Caboclo de Umbanda fazer uso do lápis. De fato, não nos é comum expressarmo-nos nesta modalidade mediúnica, que é a dimensão-mediunidade, que também pode ser traduzida como psicografia dimensional e sensibilidade psicoastral.
A grande maioria dos Filhos de Fé, bem como a grande massa de crentes, está acostumada a ver Caboclos "montarem" em seus "cavalos" através da mecânica de incorporação.
Não raras vezes, falamos de maneira que nem sempre quem nos ouve nos entende, precisando da ajuda imprescindível do cambono. Muitas vezes usamos este artifício visando nos tornar bem próximos do consulente, bem como permitir que o cambono aprenda e observe as mazelas humanas, e saiba como encará-las de frente, segundo nossas próprias atitudes perante cada consulente.
Outros, menos ligados aos fenômenos da Ciência do Espírito, não conseguem entender como um Caboclo (Entidade Espiritual que usa a vestimenta fluídica de um Ser Espiritual da Raça Vermelha) pode escrever através de seu "cavalo" ou dizer coisas que só o homem civilizado conhece. Como pode um Caboclo escrever? No tempo em que ele vivia na Terra era analfabeto, nem sabia que tinha escrita, muito menos ciência, filosofia, etc. E, muitos Filhos ainda pensam assim! Pura falta de informação sobre as leis da reencarnação e sobre a lei dos ciclos e dos ritmos.
Caboclo acredita que realmente à primeira vista, isto pode suscitar dúvida e descrença, tanto sobre o Caboclo como sobre o intermediário entre os dois planos — o médium ou cavalo. A grande maioria tem em mente que o Caboclo não fala português, é bugre da mata virgem; como, de repente, já vem ele ditando normalmente o português, ou, o que é mais estranho, escrevendo?
Realmente muitos pensarão: Ou o cavalo é mistificador, ou essa Entidade que diz ser um Caboclo não o é.
Pode até acontecer que algum cavalo seja mistificador e que algum Caboclo não seja Caboclo, mas palavra de Caboclo que o Caboclo que aqui escreve é o mesmo que baixa no terreiro, e que o cavalo é o mesmo que nos "recebe" nas sessões semanais, tanto no "desenvolvimento" mediúnico como nas sessões de caridade, onde atendemos grande número de consulentes, por meio da mecânica de incorporação. Os mecanismos são diferentes, mas as finalidades não, pois ambas visam direcionar os Filhos de Fé, dirimindo as suas dúvidas.
Imaginem, como simples exemplo, se de repente, em todas as "giras", o Caboclo se apresentasse não na incorporação, mas completamente materializado, isto é, se todos os Filhos de Fé, sem precisarem fazer uso da mediunidade que lhes dilatasse os poderes de alcance visual, nos vissem em corpo astral densificado?! Provavelmente, de início, ficaríamos com pouquíssimos ou nenhum Filho de Fé no terreiro! Uns sairiam correndo apavorados e tresloucados. Outros ficariam extáticos, em profunda hipnose, tal o choque psíquico.
Outros mais, peto estresse, teriam fortes descargas de adrenalina, podendo ter crises de arritmias graves e até espasmos coronarianos, distúrbios que poderiam levá-los ao desencarne.
Com isso, afirmamos que tudo que foge do habitual traz espanto, traz dúvidas. Isso é naturalíssimo! Mas um dia teríamos que começar a nos manifestar sob outras formas não-habituais. E de há muito já começamos! Esta é mais uma dessas formas. Mas, com o decorrer do tempo, tudo tornar-se-á comum. Esperemos! Os tempos são chegados! Para muito breve, veremos que muitos dos Filhos de Fé se acostumarão a ver seu próprio Caboclo também ditando um livro, uma mensagem. Chegará o tempo em que as mensagens ditadas serão tão habituais como a importantíssima mecânica de incorporação em nosso ritual.
Filhos de Fé! Entendam que o Caboclo que ora escreve é um desses mesmos Caboclos que "baixam no terreiro" e atendem aos Filhos de Fé, nas tão costumeiras consultas, conselhos, passes, etc. Este Caboclo é o mesmo 7 Espadas de Ogum, que "baixa" nas sessões de nossa humilde tenda, e que agora, nestas pequenas lições, vez por outra usará termos tão comuns em nossas "giras de terreiro". Os Filhos de Fé de nossa humilde choupana de trabalhos já estão acostumados com as variações da mediunidade e entendem que o ser espiritual pode usar a vestimenta astral que melhor lhe aprouver, tudo visando ser melhor compreendido quando se dirigir aos filhos da Terra, ainda presos a certos conceitos arraigados sobre Caboclos, Pretos-Velhos, etc. Devemos entender também que a mediunidade é fruto do perfeito entrelaçamento vibratório entre o cavalo (médium) e a entidade atuante, através de sutis laços fluídico-magnéticos, e principalmente através da sintonia e dos ascendentes morais-espirituais.
Quando queremos ditar, escrever ou levar o cavalo a certos transes mediúnicos (dimensão-mediunidade), emitimos certa ordem de fluidos que se casam com os do cavalo, tanto em seu mental como em seu emocional (corpo astral), fazendo com que ele sinta nossa presença, em forma de "um quê" que o emociona até as fibras mais íntimas de seu ser, e "um quê" que o deixa levemente ansioso, devido a vibrarmos com alguma intensidade em certas regiões de seu sistema nervoso central e nos centros superiores da mente, principalmente nos lobos frontais e temporais e em todo o complexo celular neuronal moto-sensitivo. Por processos astrais técnicos que regem o mecanismo mediúnico, e mesmo etérico-físicos, que deixaremos de explicar por fugir da singeleza destas lições, o cavalo conscientemente sente-nos a presença e, como servidor leal, aquiesce de boa vontade à tarefa que irá desempenhar em comunhão conosco. Não raras vezes, nos vê através da clarividência, e a maior parte das vezes pela sensibilidade psicoastral. Pronto! Entidade e cavalo agora formam um complexo em perfeita simbiose espiritual, todo favorável aos trabalhos que irão ser desenvolvidos. Ativamos certas zonas em seu corpo mental e em todo o sistema nervoso periférico, para que não haja excessos de desgaste energético em sua economia orgânica. Desde a epífise, a glândula da vida espiritual, passando por complicada rede hipotalâmica, chegamos a promover esta ou aquela ativação ou inibição hormonal.
Tudo é criterioso; não podemos lesar nem sobrecarregar tão abnegado cavalo que montamos e dirigimos. Em rápidas palavras, apresentamos resumidamente os cuidados e as técnicas para a execução deste livro. Foi dessa forma que surgiu este pequeno volume que agora está em suas mãos. Nele, procuramos um enfoque simplificado dos tópicos mais complicados, em que muitos Filhos de Fé desanimam em progredir em seus estudos e conclusões. Esperamos alcançar o objetivo.
Já é alta madrugada, Caboclo falou demais... O dia já vai clarear e o galo vai cantar, anunciando um novo dia de bênçãos renovadas que vai chegar.
Povo d'Aruanda, lá no Humaitá (plano do astral em que vibram as entidades de Ogum), já está me chamando...
Antes de Caboclo "subir", ir a "oló", quer deixar fixado no papel as vibrações de amizade e simpatia por todos os Filhos de Fé. Que Oxalá os abençoe sempre.
— Filho de Fé — Caboclo fala sussurrando para não te assustar. — Acorda, é novo dia. Os clarins estão tocando e a todos chamando. Abre os olhos. Abre os ouvidos. E muito principalmente o coração. Caminha trabalhando e aprendendo sempre. Um novo dia está surgindo. Vamos, desperta! Testemunha com trabalho o raiar da Nova Era...
Filho de Fé, saravá... Estarei sempre contigo. Fica sempre comigo. Que TUPÃ nos abençoe a tarefa que temos de cumprir. Iremos cumpri-la.
Vamos às lições de Caboclo, que espero serão bem assimiladas por todos, umbandistas ou não. Assim, Umbanda — Caboclo Pede Agô...
Saravá Oxalá — Senhor do planeta Terra
Saravá Ogum
Yama Uttara... Ogum... E... Ê... E...
OGUM...
Caboclo 7 ESPADAS
São Paulo, 28 de setembro de 1987.
Este texto foi extraído do livro “Umbanda – A Proto-síntese Cósmica”. Aproveitando o ensejo, gostaríamos de transcrever as palavras de escritores importantes para o meio espiritualista que ficaram registradas na orelha da capa do livro editado pela Pensamento.
“Então, “Caboclo” vem através de seu médium autenticar os ensinamentos mais límpidos, que são eternais ou de todas as escoas esotéricas ou filosóficas de conceito de antiguidade.(...) Inumeráveis leitores de nossas obras vão encontrar semelhanças no que escrevemos e no que está nesta obra. Evidentemente, a verdade não são duas, é uma só. Uns alcançam-na até certo ponto e outros ainda vão além, dentro de sua relatividade.”
W.W. da Matta e Silva, médium, escritor e Mestre Espiritual; modificou o panorama umbandístico com nove obras de escol, entre elas Umbanda de Todos Nós e Lições de Umbanda.
“Rivas Neto (Mestre Arhapiagha) veio à Terra com a missão espiritual de resgatar e replasmar a Umbanda em sua total pureza. Neste obra ímpar, ele reitera a ancestralidade e universalidade da Umbanda que remete-nos à Convergência, à Paz Mundial”.
Reinaldo Leito, advogado, escritor renomado, orador espírita internacionalmente conhecido.
“O contato com Umbanda – A Proto Síntese Cósmica e, posteriormente, com Mestre Arhapiagha lançou luz sobre a visão que tínhamos sobre a Umbanda, desfazendo conceitos errôneos adquiridos em outras obras. Chamou-nos a atenção a naturalidade com que são conciliadas a Ciência, a Filosofia e a Religião”
Sérgio Rigonatti, psiquiatra forense, professor do Instituto de Psiquiatria da USP, leitor crítico da literatura espiritualista, com autoridade no assunto por experiência própria e por herança paterna.
“Se tivéssemos que sintetizar nossa visão sobre Umbanda – A Proto-síntese Cósmica, diríamos que é uma obra definitiva, seus conceitos transcendem a visão dos adeptos, dos acadêmicos e mesmo da maioria dos sacerdotes, revelando uma doutrina cuja consistência sequer é imaginada”
Roger Feraudy, saudoso e antigo amigo era odontólogo, ensaísta, compositor da MPB, renomado escritor e poeta. Profundo conhecedor da Umbanda em seus aspectos teórico-práticos. Sacerdote que escreveu várias obras umbandistas de alta relevância para o movimento.
Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá
Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico
Ifatosh'ogun "O sacerdote de Ifá que tem o poder de curar”
Publicação 115

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